Sela


Galeria 1

Vida
Vida

Tartaruga marinha
Tartaruga marinha

Octopus
Octopus

Surf
Surf

Salve Sangô!
Salve Sangô!

Pintura cooperativa
Pintura cooperativa

A serpente serve a taça
A serpente serve a taça

Mater's Iguazu
Mater's Iguazu

Mater's Acqua
Mater's Acqua

Mater's Até que um dia você não se ache mais importante
Mater's Até que um dia você não se ache mais importante

T pastel
T pastel

Carpas
Carpas

Piscis 13
Piscis 13

Bromélia Guzmania
Bromélia Guzmania

Bromélia Aechmea Fasciata
Bromélia Aechmea Fasciata

Bromélia Tillandsia
Bromélia Tillandsia

Primitivo
Primitivo

Mater Flechas 12
Mater Flechas 12

Mater Flechas 11
Mater Flechas 11

Mural Margen
Mural Margen

Mater's De leite e de mel II
Mater's De leite e de mel II

Mater's 7
Mater's 7

Mater's Sulphur S 16
Mater's Sulphur S 16

Mater's Diâmetro
Mater's Diâmetro

Mater's Chiao
Mater's Chiao

Mater's Shen
Mater's Shen

Mater's T
Mater's T

Mater 8
Mater 8

Mater 9
Mater 9

Mater 10
Mater 10

Abre o mundo 3
Abre o mundo 3

Sudários do Mangue A
Sudários do Mangue A

Abre o mundo 1D
Abre o mundo 1D

Mater's Chiao
Mater's Chiao

Flechas Ígneas - Placas
Flechas Ígneas - Placas

Pegada
Pegada

Discurso proferido na véspera de receber o Prêmio Príncipe de Asturias de las Artes de 2003

Miquel Barceló

Terra, carne e pele

Um mundo primitivo, ainda não criado em que se veem os poderes tremendos da natureza em constante movimento de criação e destruição; uma paisagem arrebatadora de um mundo sem fronteiras se apresenta no meu espaço pictórico, simultaneamente abstrato e figurativo. Abordo a superfície também na horizontal com acrílicas e terras coloridas; meu corpo voltado para a tela se sente mais próximo da pintura e, portanto, da terra.

Minha estética está relacionada à percepção da terra como matéria, origem e fim, efemeridade da vida sempre em movimento, uma visão que vibra com a mesma frequência do romantismo do início do séc. XIX, na obra de Caspar Friedrich e com a obra do expressionista abstrato Mark Rothko, que viam o aspecto sagrado no meio natural.

Certamente que o alvoroço tecnológico e mecanicista na arte contemporânea não me passa despercebido; na atualidade, a arte midiática, eletrônica, é o padrão, sem dúvida; mas não creio na eficácia de um discurso crítico que usa a mesma linguagem ou técnica do que pensa criticar. Por isso uso a matéria e técnica que uso e porque tenho escolha. O centro do ser está agora no exterior, no establishment da máquina, a relação do indivíduo com o mundo, com o meio natural que o sustenta está sendo filtrada, mediada por meios mecânicos numa quantidade e velocidade vertiginosas; os cinco sentidos são nossa forma de nos comunicar com o meio natural mas são atrofiados e sufocados pela voragem eletrônica! A crueza da pintura matérica de Tàpies e de Miquel Barcelò me faz vibrar toda a fibra, toda a carne, já que a terra está intimamente ligada à carne e à pele: são materialidade.

Com minha pintura o espectador vai para as entranhas da terra, onde tudo é só elemental, num processo de interiorização, de acolhimento em si mesmo produzindo um movimento oposto ao do cientificismo e ao do mecanicismo exacerbado que puxa a atenção do ser para fora dele mesmo, deixando o bagaço sem centro.

Prefiro viver num mundo vivo, vigoroso, do que no ambiente artificial que o industrialismo do lucro impõe à criatura humana: o vínculo entre homem e natureza é indissolúvel.

Sela

2010



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